O que seria da vida se todas as questões fossem fáceis?
Minha vida não está laçada a sua
Meu coração não te pertence.
Mas há algo que nos envolveu.
Sim, eu sonho, eu penso numa outra vida
Quero saborear as noites
Dançar abraçada de fazer inveja a qualquer outro casal
De beijar e ser beijada ardentemente
De fazer amor uma vez e outra vez
De realizar cada desejo íntimo seu
Sim, ser rica e feliz
Mas a que preço?
Quantas pessoas eu preciso ferir e magoar?
Qual o preço de viver essa fantasia criada em mim?
Minha vida não é sem graça ela tem o sabor e o tempero que dou
As muitas possibilidades me cercam e escolho as que podem de alguma forma alterar para o bem o que já está em minhas mãos.
Meu conto de fadas eu criei anos atrás
Hoje a princesa envelheceu, sonha não mais com casinhas e bonecas
Hoje necessita se sentir viva e amada
E assim é
Mas ainda quer outra forma
De tornar muito mais intenso
Aquilo que não é.
Postado por Vertentes
Quanto, quanto me queres? - perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.
Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era um sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida...
Beijámo-nos, então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar...
Não perguntes, não sei - não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.
António Botto
( 50 anos da sua morte)
Postado por Vertentes